sábado, 27 de julho de 2013

Viajante


Tudo passa. Essa é a conclusão de todo o pensamento que ele teve ao reparar a paisagem que insistia em passar pela janela quadrada do vagão. Fixava o olhar em uma árvore. Passou. Uma criança. Passou. Era tudo uma questão de segundos, não importava o tamanho, se uma lagarta ou borboleta, se uma pedra ou prédio. Tudo passa.

Tudo passou. A dor passou, a paixão passou, o problema passou. A solução chegou, mas passou também. É assim há 17 anos, e, ao refletir sobre sua vida, viu que nada tinha ficado. Viu-se só como um estrangeiro em terras desconhecidas. Já é hora de mudar, afinal, se tudo realmente passa, então essa solidão também vai seguir seu bonde.

É hora de esvaziar a mochila, colocar toda a bagagem para fora e preenchê-la mais uma vez, mas com novos conteúdos. Novas amizades, novas experiências, um novo começo, uma nova vida. A estação final se aproxima e a esperança vem junto com ela. No fim das contas, é uma outra cidade, uma outra oportunidade. O que passou passou e não volta mais - e nem ele quer que volte. Hora de colocar a mochila nas costas. O vagão parou, a porta se abriu; a chance chegou, a vida seguiu.

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