Nosso sinal. Nossa sina. E é assim todos os dias, mas não o
dia todo. Na verdade o que o torna mágico é o momento, lindo como ele só. Sem
pôr mais ou menos, basta o pôr – é a medida certa. Tal como ele, é o sentimento
que ao longo de todo esse tempo conseguiu realizar a proeza de unir, por obra
do ocaso, dois seres distintamente iguais em um relacionamento igualmente
distinto. “Amor” foi como começamos a chamar esse elo, eu mais cedo que você,
confesso, mas jamais consegui me esquecer do dia em que vi o movimento dos seus
lábios – cor escarlate e sedutoramente reluzentes – articulando cada sílaba e
fonema da palavra. O céu podia atestar isso, afinal, ele pronunciara junto, do
seu jeito, letra por letra, com suas cores e formas, anulando qualquer suspeita
de que a palavra não era essa. O tempo parou, emoldurei a cena com minhas mãos
e assim se formou o que viria a ser o nosso signo: o pôr do sol. A partir de
então, se você tinha algum motivo para achar que alguém te esqueceria um dia, agora
já não há. Nosso sinal se tornou permanente e intransponível, mais eficaz que
qualquer tatuagem e à prova de qualquer tempestade ou alteração climática. Ele
está lá. Vejamos ou não, ele está lá. Por mais nublado que o tempo esteja, ele
está acontecendo. Nosso amor está acontecendo. Repito, já não há mais dúvidas. Quando
o sol se puser, lembre-se de que eu sempre estarei com você. Um sinal de nós
dois, de nosso amor, o pôr do sol.
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