domingo, 16 de julho de 2017

Autor


Nas mãos de quem está o controle do dia? Quem tem o poder de dizer ao sol "erga-se" e ao mar "aquiete-se"?
Tudo está sob teu dominio. Não é nada sobre mim. Nunca foi.

Minhas mãos se quer são capazes de abrir o que eu mesmo fechei. Não tenho domínio sobre um fio do meu próprio cabelo. E quando o coração se inquieta e o suor se apresenta, tu me dizes "descansa", mas eu hesito.

Cada cor foi ditada pelo tom da tua voz. Cada corrente segue o fluxo do teu querer. Cada canção nova versa sobre tua majestade e imensidão. A natureza manifesta a obra das tuas mãos e te obedece assim como um lápis nas mãos do escritor.

Não me deixa ditar meu próprio rumo. Eu não quero ser um tom destoante na tua tela. Eu não quero ser uma nota desafinada na tua melodia, muito menos um verso fora da tua métrica.

Que minhas mãos sejam extensão das tuas. Que meus pés me levem aonde os teus pisaram. Que minha voz chegue onde teu amor chegou. Que eu seja parte da sinfonia da vida orquestrada pelas tuas mãos, pulsando no ritmo do teu coração. Que siga assim até que, no destino final, toda a obra contemple o seu autor, inclusive eu.

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