terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Então é na tal

Na tal época, as pessoas são envolvidas por um espírito específico, um espírito de bondade, companheirismo e compaixão. Há quem diga que isso foi extinto, mas há um remanescente fiel, e esses fazem a diferença.

Na tal cidade, há dinâmica e movimentação. Cores enfeitam as sacadas, luzes decoram a cidade e pessoas preenchem as ruas. Infelizmente, é cada uma no seu mundo, embora estejam todas inseridas no mesmo mundo.

Na tal família, alegria e entusiasmo são membros indispensáveis. Para eles, a data é sinônimo de esperança. Casa cheia, família completa, ceia à mesa. É hora de agradecer.

Na tal tradição, busca-se enfeitar o superficial. Roupas novas, calçados novos e, por dentro, o velho sentimento de descaso. É tempo de renovar, de renascer.

Na tal música, os sinos soam e as vozes acompanham. Pode ser monótono para alguns, mas, para outros, é lembrança. Música é a lembrança de outros anos, de outras lembranças.

Na tal emissora, embora seja um novo dia de um novo tempo, permanecem aquela mesma música e aqueles mesmos rostos. Desprenda-se e viva. Hoje, a festa é sua.

Na tal confraternização, a mesma brincadeira. Quem eu tirei tirou quem me tirou. E assim vai-se tirando a espontaneidade da troca de presentes e gentilezas.

Na tal árvore, a estrela ilumina o topo, mas não ilumina a casa. Já não importa mais o que ela significa, desde que esteja ali e seja ofuscada pelo objetos que ficam na base, envoltos em papeis decorativos.

Na tal história, o verdadeiro sentido no natal passou a existir. Um censo, dois jovens e a manjedoura. Enfim, tudo pronto estava.

Na tal estrebaria, o amor nasceu e, na tal manjedoura, o amor repousou.


Então é Natal.

Um comentário:

  1. Lindo texto! Ótima reflexão. A cada ano o sentido real vai se tornando artificial. Não, espera. Já se tornou. :/

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