Na tal época, as pessoas são envolvidas por um espírito
específico, um espírito de bondade, companheirismo e compaixão. Há quem diga
que isso foi extinto, mas há um remanescente fiel, e esses fazem a diferença.
Na tal cidade, há dinâmica e movimentação. Cores enfeitam as
sacadas, luzes decoram a cidade e pessoas preenchem as ruas. Infelizmente, é
cada uma no seu mundo, embora estejam todas inseridas no mesmo mundo.
Na tal família, alegria e entusiasmo são membros
indispensáveis. Para eles, a data é sinônimo de esperança. Casa cheia, família
completa, ceia à mesa. É hora de agradecer.
Na tal tradição, busca-se enfeitar o superficial. Roupas
novas, calçados novos e, por dentro, o velho sentimento de descaso. É tempo de
renovar, de renascer.
Na tal música, os sinos soam e as vozes acompanham. Pode ser
monótono para alguns, mas, para outros, é lembrança. Música é a lembrança de
outros anos, de outras lembranças.
Na tal emissora, embora seja um novo dia de um novo tempo,
permanecem aquela mesma música e aqueles mesmos rostos. Desprenda-se e viva.
Hoje, a festa é sua.
Na tal confraternização, a mesma brincadeira. Quem eu tirei
tirou quem me tirou. E assim vai-se tirando a espontaneidade da troca de
presentes e gentilezas.
Na tal árvore, a estrela ilumina o topo, mas não ilumina a
casa. Já não importa mais o que ela significa, desde que esteja ali e seja
ofuscada pelo objetos que ficam na base, envoltos em papeis decorativos.
Na tal história, o verdadeiro sentido no natal passou a
existir. Um censo, dois jovens e a manjedoura. Enfim, tudo pronto estava.
Na tal estrebaria, o amor nasceu e, na tal manjedoura, o
amor repousou.
Então é Natal.
Lindo texto! Ótima reflexão. A cada ano o sentido real vai se tornando artificial. Não, espera. Já se tornou. :/
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